Por que ser poeta?
Minha primeira poesia aconteceu aos 8 anos, quando o colégio resolveu sair do tema “redação das minhas férias” e pediu pra que os aluninhos escrevessem poesias. Na época não sabia muito o que significava a palavra, então comecei a rimar “passarinho” com “ninho” e pequenininho”. Mais tarde, aos 10 anos, veio um diário colorido e uma explosão de “criatividade”, rimava “você” com “ipê”.
Aos 11, as tardes de ócio na casa da vovó renderam alguns livrinhos de histórias infantis: a menina que queria voar, o urso panda que queria escapar da extinção, o ratinho que queria ser amigo do gavião. Vovó muito me incentivava. Ela mesma escritora, casada com filho de poeta do mar e ex-namorada de poeta/músico/mulherengo, me empurrava para uma possível carreira como escritora.
“Apareci” em público pela primeira vez aos 12 anos, com a publicação de uma crônica – Ao subir da colina - em um jornalzinho do bairro.
Com apoio da família procurei uma editora e, aos 13, lancei um dos livrinhos que escrevera dois anos antes (o Gavião e o Rato. Um dia ainda faço uma resenha sobre ele. Ou não. Não acho muito legais autocríticas).
Com a adolescência veio uma enxurrada de poemas falando de amor, decepção, descobertas, mágoas, e mais tristeza do que alegrias.
Sonhava em lançar um livro de poesia assim que entrasse na faculdade.
Sonho não alcançado. Nunca achei minha seleção boa o bastante.
A faculdade veio, e, contrariando os desejos de minha avó, me tornei farmacêutica.
Não, nunca deixei a poesia de lado.
A palavra escrita (e lida também, todas as noites antes de dormir, e às vezes nas tardes chuvosas) sempre foi um consolo e um meio de extravasar.
Mas com o amadurecimento migrei mais para a prosa.
No entanto, não acho que a prosa seja menos poesia do que a própria poesia. Não preciso escrever com rima e métrica para me considerar poeta. O que escrevo é fruto de sentimentos e sinceridade, e o que vem de dentro (ai que brega!) é poesia.
Natália Beani de Carvalho
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